terça-feira, 31 de maio de 2011

(Tele) fonemas.

Recebo um telefone desses costumeiros e deparo-me com noticias tão indiscretas quanto meus sorrisos. Ousava dizer que havia passado, queria um encontro para deposito de lembranças, e dizia que a pessoa que venho me tornando tem sido exatamente o que jamais esperaria que fosse.
Era assim, uma vez ou outra, um encontro a tarde ou a noite, não importava, nos beijávamos, compartilhávamos nossos vícios, sendo então ; palavras, cigarros, bebidas e fantasias. E assim ficávamos horas e horas. Horas que não passavam, que não eram e não poderia se tornar um refugio comum . Lembro-me de cada encontro, cada lagrima, e cada sorriso torto de seus lábios vermelhos, era vergonha, ou ousadia, eu perguntava. Você e seu silêncio discreto, seus problemas, fobias, manias, dias, que tomavam conta do meu ser, que fazia parte, que era exatamente da forma que queria que fosse, um vicio comum, incomum, normal , irracional, mas sabíamos que estava lá...
Não queríamos algo passageiro, nem mesmo algo eterno. Queríamos apenas que essas estações virassem poesias, que não fossem farpas cobertas de vontades passageiras.
Você foi a minha poesia, eu ousava tanto,desejava tanto e sofria com cada partida, sofria quando éramos obrigados a deixar de nos falar pelo culpado tempo, tínhamos tantos trabalhos, tantos sonhos, e tanta distancia era construída em cima disso, dissemos inúmeras vezes que era a última vez, que era perfeitamente o último romance, e por fim sobrava sempre as lembranças e os telefonemas a noite, quando a saudade era maior que a razão. Mantínhamos esse amor mais ou menos, como o fato mais importante que poderia acontecer, não prioridade... mas como vontade, tão passageira quanto eterna, afinal , as estações estão no que o mundo oferece, mas a nossa posição está no que oferecemos para nos mesmos.
Passou... ficou... sobrou ...
Terminamos nossa conversa de horas, desliguei o telefone, e as lagrimas se transformaram em um romance qualquer, aquele na qual, por mais bonito e poético deixou de ser minha filosofia de vida. Afinal, o que importa ; O que você é e o que pode ser? Ou .. O que deseja ter nas mãos sem pensar na conseqüência do que se tornará ?

Fumando, e criando uma fobia por amores mais ou menos.

Um comentário:

  1. As vezes o sentimento se torna tão pouco, que perdemos até o peso de deflagra-lo em um telefonema corriqueiro.

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